quinta-feira, 20 de setembro de 2018






Durante essa semana, tivemos mais uma aula super prazerosa de LIBRAS.
Dessa vez estudamos a maneira como os surdos escrevem e leem, já estudamos anteriormente sobre a luta pelo reconhecimento dos surdos como pessoas capazes diante da sociedade, percorreu por décadas. Eles não tinham direitos políticos, civis, religiosos e, muito menos, à educação. Segundo relatos da história, a partir do trabalho feito pelo monge Beneditino Pedro Ponce de León, o qual começou a trabalhar com a educação de surdo, pois o mesmo acreditava que eles eram capazes de desenvolver a intelectualidade, foi um grande passo para as conquistas que antes eram apenas ideológicas. Suas metodologias de ensino foram de importante influencia para os estudos que perpassam até os dias de hoje. O monge também lutou contra as crenças das quais afirmavam que o surdo era incapaz de desenvolver a linguagem ou qualquer outro tipo de aprendizagem. Embora tenha desenvolvido muitos trabalhos voltados para a fala dos surdos, Beneditino tinha um foco maior, a escrita. 

"Embora seja reconhecido e enfatizado em seu trabalho o ensino da fala aos surdos, o foco de sua educação era a linguagem escrita, pois, até o final desse século, acreditava-se que à escrita cabia a chave do conhecimento, ou seja, ela era tida como a natureza primeira da linguagem; a fala era apenas um instrumento que a traduzia. À escrita, fora atribuído, assim, um signo de poder" (LODI, 2005. p. 411). 

Se você ainda não tinha conhecimento, assim como o português na forma oral é a primeira língua para indivíduos ouvintes nascidos no Brasil, a Língua Brasileira de Sinais (Libras) é a primeira língua dos surdos, ou sua língua materna. Considerando que aproximadamente 95% dos surdos são filhos de pais ouvintes e 5% são filhos de pais surdos, o surdo está exposto à língua portuguesa no seu núcleo familiar e social, entretanto, ele também está incluído em uma comunidade surda, onde a Libras é a língua dominante. Logo, cabe à toda sociedade compreender definitivamente o caráter bilíngue do surdo. 
Para os surdos, a aquisição da língua escrita não representa apenas mais uma modalidade da língua como ocorre com o português falado e escrito, em que, mesmo com as apropriações pertinentes de cada modalidade, a relação entre o som ouvido e falado, o fonema, assume relação mais direta com a letra escrita, ou grafema. Para o surdo, a aquisição da modalidade escrita representa a alfabetização em uma outra língua com diferenças sintáticas, morfológicas e fonéticas. Por isso, as irregularidades morfossintáticas identificadas na escrita dos indivíduos surdos coincidem com construções próprias da língua de sinais. Assista a esse vídeo produzido pelo INES e entenda um pouco mais sobre a gramática da Libras.



Em português, na sua forma oral ou escrita, a frase: “O meu sobrinho vai se formar como jornalista em dezembro” seria a mesma, entretanto, em Libras, essa mesma frase seria: “Dezembro agora sobrinho meu formatura jornalista”. Pois é, bem diferente né? Ouvintes usam quase a mesma estrutura morfo-sintático-semântica para o português falado e para o escrito. Relação essa não estabelecida entre a Libras e a língua escrita. Outro fator que deve ser considerado é o fato da língua de sinais as palavras não se construírem a partir de sons que se combinam, mas sim de mãos que se movimentam no espaço e se organizam de forma simultânea e não linear.

Reconhecer a condição bilíngue do surdo é apenas o início de um longo percurso a ser trilhado onde novas questões se colocam, novas descobertas, desafios e reflexões são impostas aos pesquisadores, professor e aos espaços pedagógicos em geral. Professores e pessoas que se relacionam com surdos precisam considerar que estão lidando com sujeitos que falam outra língua e, por isso, buscar entender as diferenças linguísticas e as peculiaridades de sua escrita. Todo professor envolvido com a Educação de surdos precisa ter noções mínimas de como agir frente a esse aluno especial, conhecer suas especificidades, sua cultura e reconhecer seu direito constitucional de aprender os conteúdos escolares, sem ser discriminado.


Obrigada por visitar o blog, aguarde o próximo post e eu aguardo a sua próxima visita!

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