sexta-feira, 19 de outubro de 2018


A merda da minha vida

 Era algum dia de janeiro de 2018, já acordei nervosa para a entrevista que eu ia ter naquela manhã. Faz um tempo que eu já não sou mais uma adolescente, sou adulta, madura e quase independente, Mas nesse momento ainda precisava da companhia da minha mãe ao meu lado, vai que algo desse errado, o que eu iria fazer?
Não demorou muito tempo para que eu sentisse um mal-estar, motivado por algo que mais parecia contrações na minha barriga, e pior que está sentido o incômodo, era recordar que eu precisaria pegar dois coletivos para chegar até o meu destino final. São nessas horas da vida em que eu paro e penso:
-"Eu deveria ter nascido rica e não bonita."
Confesso que a minha vontade era de me trancar dentro do banheiro e ali ficar, mas o que eu teria que fazer mesmo, era ficar no ponto de ônibus até que o mesmo passasse, por sorte não precisei pegar os dois busão, pois cheguei a tempo de pegar um “linha direta”; - esses que vão direto ao destino final sem fazer paradas em outros pontos. Ao entrar no ônibus, a situação só foi se agravando, consegui segurar a náusea até meu destino final, mas bastou eu colocar os pés na calçada para eu lançar pela boca toda a matéria que existia no meu estômago.
Olhei para minha mãe que estava ao meu lado e falei: “Mãe, eu não estou bem. ” Continuamos a caminhar aceleradamente até o escritório onde aconteceria a entrevista e enquanto caminhávamos um dilurimento caminhava junto comigo, não demorou muito para que eu sentisse o chicotinho chegando no caneco e para minha sorte, mais uma vez, eu já estava a porta do banheiro do escritório do meu entrevistador, pedi licença e sem pensar duas vezes entrei e expeli todas as fezes deterioradas que estavam dentro do meu organismo, o resultado foi um ambiente catingoso e impróprio para um futuro uso.
A situação realmente não estava fácil, olhei para a minha mãe e disse: “Mãe, caguei! ” Ela não escondeu o olhar de constrangimento e vergonha alheia e com seu silêncio me acompanhou naquela entrevista. Ficar naquela cadeira em frente aquele homem, sentindo que a qualquer momento a merda ia sair novamente, foi uma situação bastante constrangedora, ficar quieta era impossível, eu olhava para minha mãe na esperança de que ela fizesse alguma coisa para me ajudar, mas o que eu recebia de volta era um olhar de repreensão pela maneira como eu estava me portando. Minha mãe literalmente, só me acompanhou naquela entrevista.
Quando saímos de lá e nos direcionarmos para o ponto de ônibus afim de retornamos para casa, cumpriu-se na minha vida aquele famoso ditado: “Não há nada tão ruim que não possa piorar”. Diante de um ponto lotado de pessoas as últimas forças que existiam em mim para segurar a bosta, se acabaram. Mas não era o suficiente escorrer pelo meu traseiro, a minha boca também foi encontrada como uma saída de emergência para todo aquele desarranjo intestinal.
Minha mãe, coitada, só me olhava e dizia: “Para com isso, menina, está me fazendo passar vergonha. ” - Ah, queria eu poder parar de me cagar e golfar daquele jeito; a essas alturas chorar tornou-se algo inevitável para mim, me afastei um pouco do ponto para tentar evitar mais constrangimento, se é que era possível, quando de repente a minha mãe teve a ideia genial de pedir emprestada uma cadeira para o dono de uma banquinha o lado. A cadeira, é claro, não poderei ser mais confortável, toda com um tecido veludo liso azul, ótima para quem estava com merda até no joelho.
Com um olhar desespero e aos prantos, fazendo um gesto de negação com a cabeça, olhei para minha mãe e disse: “Eu não vou sentar. ” Mas antes que eu pensasse em abrir a boca novamente fui lançada de uma maneira delicada, igual ao coice de uma mula, sobre a cadeira pela minha amorável e compreensiva mãe, que logo em seguida se afastou já com o celular na mão tentando entrar em contato com o esposo dela, que por sinal é meu pai, para que fosse nos buscar.
Ah, diante desse momento, não sei qual das duas situações seguintes me irritou mais, se foi a minha mãe extremamente irritada, falando para o meu pai ir rápido nos buscar, pois eu estava expondo ela a vergonha ou se foi o momento em que um rapaz muito bonito, enquanto ela estava em ligação, se aproximou de mim e perguntou se eu usava droga ou estava grávida.
Graças a Deus, meu pai chegou até o local onde estávamos, cobriu os estofados do carro com sacolas plásticas e ali eu fui. Ao entrarmos no carro minha mãe me disse somente uma frase: “Quando chegarmos em casa a gente conversa, Anilorac. ”
E assim seguimos para casa, minha mãe irritada, meu pai confuso e eu toda cagada.

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